Maternidade Atípica
Você é mãe de autista ou conhece alguma? Então me acompanhe nesta reflexão que vou falar de um tema muito importante: o cuidado com a sua saúde emocional.
Eu sou a Thaís Becker, psicóloga doutora em Psicologia clínica e autora do livro: Feminilidade e Maternidade na Psicanálise. Dedico meus estudos e meu trabalho como psicóloga para cuidar de quem geralmente está mais cuidando dos outros do que de si: mulheres.
E hoje, quero falar de mulheres que são mães e muito especiais, mães de crianças atípicas, neste caso, autistas, mas, estas reflexões podem se estender para outros tipos de síndromes ou deficiências.
Desafios
As mães de crianças autistas enfrentam desafios únicos e complexos, que muitas vezes não são percebidos pela sociedade, às vezes nem pela família mais próxima. O que acaba tornando a experiência da maternidade dessas mães ainda mais solitária. Por isso é fundamental falarmos sobre esse assunto.
Existe uma sobrecarga muito pesada de atividades que precisam ser realizadas, como as diversas terapias do filho, tudo exige uma atenção, um cuidado diferenciado. Elas precisam também estar constantemente aprendendo sobre o transtorno dos seus filhos para conseguir entender melhor as necessidades e a ajudá-los da melhor forma possível tudo isso que demanda muita energia física, mental e emocional.
Outro ponto muito desafiador é a comunicação que, muitas vezes, pode ser difícil para todas as pessoas do entorno da criança, inclusive para a mãe em entender o que seu filho está tentando expressar. Nesse ponto aparece também um sentimento que já escutei algumas vezes na clínica atendendo mães de crianças atípicas que é o de não receber expressões tão explícitas de carinho e amor do filho, não da forma mais comum: com palavras e isso pode sim ser frustrante para a mãe que tanto se doa e tem uma percepção de pouco retorno. E por isso, conseguir entender a linguagem especial do filho autista é muito importante para relação.
Agora acredito que um dos pontos mais dolorosos para quem tem um filho atipico é lidar com o preconceito, os olhares atravessados, de julgamento tanto em relação a um comportamento da criança quanto em relação à conduta materna, esse preconceito vem da falta de conhecimento do que é o transtorno e vem tanto de pessoas desconhecidas como, por vezes, da própria escola e até da própria família (!).
Diante tantos desafios é fundamental olhar para a saúde emocional destas mães. Você que é mãe sabe que se você não estiver bem não consegue cuidar da melhor forma do seu filho. A ansiedade, a exaustão os sentimentos de depressão podem nos deixar menos disponíveis, menos sensíveis às necessidades dos nossos filhos e menos pacientes. E veja bem, não estou aqui falando isso para aumentar o sentimento de culpa que já é tão presente, mas para enfatizar a importância de você se permitir abrir espaço para cuidar de você. Cuidar de você é cuidar do seu filho também.
Importância do autocuidado
Quais seriam essas formas de cuidado?
Bom, tirar um tempinho para fazer algo prazeroso, pode ser uma caminhada, sair tomar um café, qualquer coisa simples, para espairecer.
Fazer algo por você mesma.
Acompanhamento psicológico é fundamental.
O espaço psicoterapêutico é um lugar seguro onde você pode falar livremente sem julgamento e expressar seus sentimentos, elaborar angustias, criar novas percepções sobre sua vida e consequentemente novas formas de lidar com a situações.
Além disso, rede de apoio de familiares e amigos é fundamental tanto para lidar com questões práticas e objetivas quanto apenas para ter empatia.
Mães de crianças atípicas sintam-se abraçadas em suas dificuldades por mim.
Deixe um comentário contando sua experiência que eu vou gostar muito de ouvir.